Porquê um Mestrado em Compaixão?

Os profissionais de saúde e da área social enfrentam situações de grande envolvimento psicológico e emocional na prática quotidiana do seu trabalho (Sook-Han, Won-Han & Hyung-Kim, 2018). O contacto repetido com o sofrimento das pessoas leva-os a uma situação de vulnerabilidade para o desenvolvimento de vários problemas mentais (stress, ansiedade, fadiga, burnout), relacionados com a síndrome de burnout e a fadiga da compaixão (Hemsworth et al., 2019; Vincent, Brindley, Highfield, Innes, Greig & Suntharalingam, 2019).

No entanto, a introdução da compaixão e da relação de ajuda efetiva como modelo de relação com as pessoas que sofrem pode ter efeitos positivos nos profissionais, pois melhora a perceção da utilidade profissional como agente de ajuda, gerando a chamada satisfação por compaixão (Jang, Kim & Kim, 2016), que tem o potencial de ser um fator protetor tanto para o burnout como para a fadiga por compaixão, melhora a qualidade de vida profissional dos profissionais e pode também melhorar a qualidade das práticas de cuidados que desenvolvem.

Estudos recentes mostraram que os níveis de fadiga por compaixão nos profissionais do Sistema Público de Saúde da Andaluzia (APHS) são médios-altos numa percentagem elevada (Ruíz-Fernández et al., 2020), pelo que o cultivo de competências de relação de ajuda e compaixão pode melhorar esta situação. O objetivo desta pós-graduação é melhorar as competências de relação de ajuda dos profissionais de ajuda (saúde e serviços sociais), bem como introduzi-los na prática da compaixão como elemento essencial na sua relação com pacientes e famílias em situações de vulnerabilidade e sofrimento vital.

Os conteúdos propostos iniciam-se com uma breve abordagem teórica dos conceitos propostos para passar a uma orientação puramente prática, na qual serão abordadas estratégias relacionais para aplicar a compaixão e a auto-compaixão na prática dos cuidados, com uma orientação essencialmente prática através de simulações, role-plays e partilha de experiências reais.

O corpo docente proposto provém tanto do campo académico (professores universitários com experiência de ensino, linhas de investigação e publicações internacionais sobre o tema) como do campo clínico, incluindo outros aspectos que ajudam na prática da compaixão, como o uso da expressão artística. O curso destina-se aos profissionais de saúde em geral, especialmente àqueles que trabalham em contacto direto com doentes e famílias em contextos de cuidados complexos.